BIBLIOTERAPIA
Como leitor ávido,
voraz, contumaz (olha o excesso de adjetivação, senhor escritor, isso contraria
as regras dos manuais), costumo buscar na leitura remédio para as vicissitudes
da vida. Assim foi quando estive com problemas familiares: li certos romances
que mudaram meus sentimentos e cuja nova compreensão de mundo possibilitou
respirar fundo, e prosseguir com o matrimonio. Também houve vezes em que a
ideia de suicido me fora rechaçada ante a leitura de belas páginas de textos clássicos.
Até na Bíblia, que apesar de ser um livro magnifico, não é de minhas leituras
frequentes, encontrei abrigo. Devo confessar, porém, que não sou autossuficiente,
para me auto prescrever esses remédios da alma. Foi pesquisando na rede que consegui
estabelecer contato com um “biblioterapeuta”, um médico versado em literatura, sujeito
altamente culto e gentil, que me atende gratuitamente, faz o diagnóstico das
minhas angustias e prescreve a ficção ideal para o momento. Já cheguei ao
pensamento (reducionista é claro) de que minhas desilusões são fruto de falta
de literatura. Com a leitura vem a cura. Foi assim quando me senti irado,
exausto e com claustrofobia, e o doutor me receitou “Zorba, o Grego”, De Nikos
Kazantzakis. Imediatamente corri à biblioteca pública e o tomei de empréstimo.
Naquele tempo não havia o aplicativo de mensagens instantâneas; hoje eu envio o
pedido por mensagem e a bibliotecária, muito atenciosa, já deixa o livro á mão,
algo útil para ganhar tempo, se houvesse tele-entrega, seríamos primeiro mundo.
A consulta, virtual,
é breve, questão de minutos:
Eu - Bom dia
Doutor!
Biblioterapeuta
online: - Bom dia meu querido, em que posso ajudá-lo?
Eu – Sinto-me
sufocado, dor de cabeça, depressão...
Biblioterapeuta:
- A depressão é o mal do século, você não é o único... O que tens feito
ultimamente?
Eu: Trabalho
o dia todo, arranjo me com as contas que não consigo pagar, mal me alimento,
bebo pouca água, e as noites tenho bebido um pouco demais, algumas taças de
vinho, na hora até me faz bem, ouço música, durmo mal, no outro dia bate essa
sensação de vazio existencial...
Doutor: Amigo,
seu caso é simples, tome nota aí: acorde cedo (5 horas), respire o ar matinal,
beba agua em abundancia e leia por uma hora sem parar; vai aí uma lista de três
bons livros...
Nenhum comentário:
Postar um comentário