sexta-feira, 19 de abril de 2024

Hora do adeus!

 

A mulher aborreceu-se quando esbarrou na pilha de livros sobre a escrivaninha. Não encontrando espaço em meio a tantos volumes, exclamou energicamente: - Porque raios você quer tantos livros, se não lhe servem pra nada? Foi um soco no estômago que me causou profundo mal-estar. Restei abatido por um sentimento de tristeza e desgraça. Aos prantos, as palavras doeram, e mesmo enfraquecido, reuni forças para decretar: é o fim. Juntei as centenas de livros em duas grandes caixas de papelão. Numa mala pus as roupas e alguns objetos pessoais, o notebook, o violão e nada mais. Enquanto esperava o taxi, para partir sem saber para onde, pensei: vinte e cinco anos... Não haveria de suportar mais um minuto sequer ao lado de quem despreza meus amigos mais íntimos. Percebi o carro se aproximando, comtemplei pela última vez aquele rosto sereno e impassível, cujos olhos oblíquos nada dissimulavam. Adeus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário