07 de outubro, 6:00 h, quarta-feira
Ontem foi minha despedida do trabalho no mercado, findando um ciclo, avisei dias antes que iria me dedicar exclusivamente à campanha. Foi
minha segunda passagem pela empresa, nesses meses fiz novos amigos, tive
novas experiências e ganhei algum dinheiro para me manter em tempos de pandemia. Agradeço a todos que contracenaram comigo em mais um ato desse filme que se chama vida.
Fazer campanha é conversar, dialogar com as pessoas. Ouvir e ser ouvido,
e é bem mais interessante ouvir. É assim que descubro o que define o voto de um
eleitor. Um amigo de longa data e que trabalhou muito comigo nas noites como
garçom me disse o porque de apoiar uma certa candidata, entendi suas razões, e mesmo
tendo as minhas para exigir-lhe o voto não o fiz. Me disse que sua mãe recebeu ajuda de uma vereadora com exames de saúde, em gratidão, não
poderia a família deixar de apoia-la. Simples assim, nesse caso, é uso de
maquina publica, usou de influência (ex-secretária de saúde e vereadora)
para interceder em favor de um usuário do SUS e, posteriormente lograr o
voto. O amigo me disse: "-sei que isso é errado, mas não tem o que fazer,
vou votar pela consideração ao que fizera pela minha mãe".
Outro eleitor de minhas intimas relações familiares (era voto certo), estampou em seu veículo outro candidato, e embora diga que na hora crucial vai
votar em mim, não posso contar como certo mais. Disse ter sido coagido a apoiar a candidatura do sujeito, pois o mesmo lhe deu emprego, justamente
agora, em plena época de campanha, com fins meramente eleitoreiros. Assim perco
um voto aqui e outro acolá, as estruturas de poder funcionam, e cada um usa as
armas que tem. Eu apenas tenho as armas da persuasão, inócuas diante dos
mecanismos mais efetivos que outros tem e usam para conquistar votos, alias,
não é bem um voto conquistado e sim um voto imposto goela abaixo. E isso
funciona. Assim de antemão já saberei por que razões, embora seja, teoricamente
o melhor dos candidatos -pelo preparo técnico, caráter pessoal e boas intenções- posso não me eleger
Tenho em mim a convicção que farei boa votação, tenho bons eleitores que não falharão, pois vejo neles o mesmo caráter que eu tenho (a regra é que semelhante vota em semelhante), se suficiente para
conquistar uma cadeira, não sei. A dificuldade é muito grande, mas sigo
determinado, motivado, e não será por falta de trabalho e dedicação, farei a
minha parte, ao fim, independente do resultado, não me frustrarei, lutar já é uma vitória, lutar
vale a pena.
Em casa de eleitores que espontaneamente manifestaram-me
seu apoio, permitindo a colocação de uma placa, certo candidato admoestou-lhes
para que retirasse a minha e colocasse a sua, mediante um considerável valor. Baita
filho da puta (perdoem a expressão), sujeito sem ética, desses que envergonham o
pleito, é por isso que a política é mal vista.
O amigo Rocha, ex-candidato a vereador em 2004, trabalhamos juntos na eleição em 2008, me falou de sua experiência, da falsidade das pessoas, (é sério que as pessoas são falsas?) e é preciso estar vacinado contra oportunistas. E aconselha, vai com os pés no chão. Entendo que devo ser realista e saber dos meus limites, mas também que preciso alçar vôo em determinado momento e ousar dar o pulo do gato.
A política é cruel. Quem tem mandato, dinheiro e poder massacra seus oponentes, e a massa eleitoral ingênua, mas que se acha inteligente, cai como um patinho. E ainda muitos dizem que na hora “h” vão pensar em mim. Só posso fazer de conta que acredito, não sem uma ponta de esperança, é claro. O jogo não é nada ético, apenas eu, querendo conquistar votos com ética e seriedade, sem ludibriar ninguém, sem prometer nada fora do alcance, sem investir dinheiro que não tenho, e assim não dá pra ganhar esse jogo. Mas eu sou teimoso, ignoro essas adversidades e sigo tentando.
Bem, fico por aqui, abraço a você, raro leitor de minhas crônicas. No fim vai dar tudo certo!!!