De
repente dei por mim vivo, respirando, vendo tudo com estranheza, tinha um pai, uma mãe, um irmão e uns dois ou três cachorros vira-lata- esses seres eram minha fámilia-, vestia roupas rotas, e comia
feijão com arroz, sentia calor e frio, e pensava, não muito
organizadamente, pois eu não sabia nada de nada, mas dia a dia ia
aprendendo e me ambientando nesse mundo estranho, não lembrava de
onde viera, o que estaria fazendo aqui….
Então certo dia minha mãe me deu um banho após o meio-dia e me pôs
roupas limpas, penteou o meu cabelo, me deu uma pasta com um caderno,
lápis e borracha e mandou que eu fosse a escola, eu tinha seis anos,
e fomos a pé, eu e meu irmão que já estava um ano antes naquela
escola, atravessávamos um mato e então num prédio verde, em uma
das salas a professora fez a chamada e soube que meu nome era
Jocemar, em casa e na rua me chamavam de bolota, e eu não sabia
porque, e nem perguntava porque mal falava, sorte que tinha um irmão
mais velho, o pai saia cedo e voltava tarde numa bicicleta monark
barra circular vermelha, a mãe ficava com a gente e qualquer coisa
ralhava: menino não faz isso, vai se machucar tareco! Mas naquele
sala a professora riscava de giz em um quadro negro, e dizia prestem
atenção, essa é a letra a de ave, b de bola, c de casa, d de dado,
e eu ia aprendendo e em pouco tempo já sabia ler e escrever, mas as
vezes no meio da tarde me dava um negócio ruim e eu começa a chorar
e a professora mandava algúem mais velho me levar pra casa e no
meio do caminho eu já estava bem e ia pra casa brincar com meu pato
Donald. Acho que não tinha tevê lá em casa porque não me lembro
dela. A minha lembrança mais antiga foi de um triciclo que ganhei no
natal de 1980, o pai comprou um para mim e um para o meu irmão com o
dinheiro do décimo que recebeu lá dá firma, e fomos numa loja já
era tarde ou noite e a gente veio pedalando feliz da vida porque ganhamos brinquedo novo. Coisas de piá.
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