quinta-feira, 2 de maio de 2024

 

BIBLIOTERAPIA

 Como leitor ávido, voraz, contumaz (olha o excesso de adjetivação, senhor escritor, isso contraria as regras dos manuais), costumo buscar na leitura remédio para as vicissitudes da vida. Assim foi quando estive com problemas familiares: li certos romances que mudaram meus sentimentos e cuja nova compreensão de mundo possibilitou respirar fundo, e prosseguir com o matrimonio. Também houve vezes em que a ideia de suicido me fora rechaçada ante a leitura de belas páginas de textos clássicos. Até na Bíblia, que apesar de ser um livro magnifico, não é de minhas leituras frequentes, encontrei abrigo. Devo confessar, porém, que não sou autossuficiente, para me auto prescrever esses remédios da alma. Foi pesquisando na rede que consegui estabelecer contato com um “biblioterapeuta”, um médico versado em literatura, sujeito altamente culto e gentil, que me atende gratuitamente, faz o diagnóstico das minhas angustias e prescreve a ficção ideal para o momento. Já cheguei ao pensamento (reducionista é claro) de que minhas desilusões são fruto de falta de literatura. Com a leitura vem a cura. Foi assim quando me senti irado, exausto e com claustrofobia, e o doutor me receitou “Zorba, o Grego”, De Nikos Kazantzakis. Imediatamente corri à biblioteca pública e o tomei de empréstimo. Naquele tempo não havia o aplicativo de mensagens instantâneas; hoje eu envio o pedido por mensagem e a bibliotecária, muito atenciosa, já deixa o livro á mão, algo útil para ganhar tempo, se houvesse tele-entrega, seríamos primeiro mundo.

A consulta, virtual, é breve, questão de minutos:

Eu - Bom dia Doutor!

Biblioterapeuta online: - Bom dia meu querido, em que posso ajudá-lo?

Eu – Sinto-me sufocado, dor de cabeça, depressão...

Biblioterapeuta: - A depressão é o mal do século, você não é o único... O que tens feito ultimamente?

Eu: Trabalho o dia todo, arranjo me com as contas que não consigo pagar, mal me alimento, bebo pouca água, e as noites tenho bebido um pouco demais, algumas taças de vinho, na hora até me faz bem, ouço música, durmo mal, no outro dia bate essa sensação de vazio existencial...

Doutor: Amigo, seu caso é simples, tome nota aí: acorde cedo (5 horas), respire o ar matinal, beba agua em abundancia e leia por uma hora sem parar; vai aí uma lista de três bons livros...

domingo, 28 de abril de 2024

O Ghostwriter

 

Vou lhes contar a verdade, mas peço que não contem a ninguém. Se vazar, alguém do meio pode se sentir ofendido. Sim, de fato vivo da escrita, mas não tenho livros publicados, não sou jornalista, colunista, redator, tradutor, ou coisa assim. Sou advogado, mas não vivo da advocacia. Sabem o que é “ghostwriter”? É um termo em inglês, que se traduz por escritor fantasma. Sou eu esse fantasma que não aparece. Sou esse cara que escreve para outros. E eles publicam os meus textos com se deles o fosse. Funciona assim, eles me encomendam o texto, dizem qual a modalidade da narrativa, se conto, crônica, artigo de opinião ou coisa assim (só não me pedem para fazer poesia que isso não faço não). Me dão o assunto e algumas diretrizes (ser politicamente correto é uma delas), e eu me ponho a trabalhar, dão me prazos, até porque prazos também eles os têm, e como não conseguem dar conta, terceirizam a mim. Tudo começou por meio de um site, fiz um cadastro, enviei uns textos e fora aprovado, meses depois surgiu o primeiro pedido, tudo via e-mail, com a maior discrição. Sigilo absoluto, clausula de confidencialidade, essas coisas, a agencia não divulga para quem estou trabalhando, mas através de muito garimpar na rede eu encontro meu destinatário final. Depois passei a oferecer diretamente meus serviços através de um perfil próprio, aos poucos os autores foram aparecendo. Não pense que é fácil, tenho clientes regulares, é preciso adotar o estilo de cada um. O mais assíduo é um cronista de um periódico da capital, às voltas com inúmeros projetos e uma vida irregular regada a bom whisky e noitadas. O facínora, quando amanhece de porre e se dá conta que tem que enviar a sua crônica semanal, chama o querido aqui, quebra esse galho, ele diz ao final da mensagem. Manda logo uma crônica aí sobre o pôr do sol porto-alegrense ou outra banalidade qualquer E eu, sóbrio, tenho que me virar, para fazer algo original, um texto conciso, bem humorado e inteligente como somente o cronista que ele é consegue fazer; tem que usar todos os recursos, a fina ironia, o humor perspicaz, uma pitada de emoção contida e a indignação que não pode ser disfarçada. Com todos esses elementos o texto há de ficar bom, seja lá qual for o assunto. Hoje é tudo instantâneo, o texto vai por whats, o pix vem logo depois, sempre acompanhado de um breve elogio: -você é o cara. Eu capitalizo, pago umas contas e compro umas cevas, já estava com crise de abstinência, eu, o escritor sóbrio. Para todos esses caprichos leio e releio as crônicas genuínas de outrora, quando era ele ainda não tinha dinheiro e precisava ganhar a vida, e só por isso levava sua escrita a sério. Mas leio também os mestres da crônica brasileira, o insuperável Luís Fernando Verissimo, para aprender com ele. Também gosto da Martha Medeiros e do Moacyr Scliar. Já o cara bebum-pesquisei sua história- saiu daqui do interior, empregou-se num importante veículo de comunicação e trabalhou duro, mas depois que passou a ganhar uma boa grana se perdeu na farra. Não deve ter encontrado sua cara metade em Porto Alegre, senão tomaria juízo. Fosse eu solteiro também seria um grande boêmio, minha negrinha não deixa. Ele gosta de futebol, churrasco e vinho, muitas de suas crônicas começam pela boa mesa. Eu que não tenho dinheiro pra comer e beber as turras, tenho que ser ator, encarnar o personagem, e escrever experiencias de degustação que não são as minhas, mas que encontro disperso pela literatura afora. As vezes para produzir um parágrafo leio centenas de outros antes, até encontrar a ideia certa, a leitura é minha inspiração. Também já fiz TCC sob encomenda, na área de humanas, minha formação, esses eu cobro bem, porque dá muito trabalho. Muitos chegam com prazo apertado, eu viro as noites, e cobro adicional noturno.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Hora do adeus!

 

A mulher aborreceu-se quando esbarrou na pilha de livros sobre a escrivaninha. Não encontrando espaço em meio a tantos volumes, exclamou energicamente: - Porque raios você quer tantos livros, se não lhe servem pra nada? Foi um soco no estômago que me causou profundo mal-estar. Restei abatido por um sentimento de tristeza e desgraça. Aos prantos, as palavras doeram, e mesmo enfraquecido, reuni forças para decretar: é o fim. Juntei as centenas de livros em duas grandes caixas de papelão. Numa mala pus as roupas e alguns objetos pessoais, o notebook, o violão e nada mais. Enquanto esperava o taxi, para partir sem saber para onde, pensei: vinte e cinco anos... Não haveria de suportar mais um minuto sequer ao lado de quem despreza meus amigos mais íntimos. Percebi o carro se aproximando, comtemplei pela última vez aquele rosto sereno e impassível, cujos olhos oblíquos nada dissimulavam. Adeus.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Recomeçando

 O ano é 2024. Acossado pelas novas dinâmicas e velhos interesses, resolvi retomar as postagens aqui no Blog. Enfim rompi a barreira do silencio. Hoje não sou mais um zé ninguém, sou advogado, tenho registro no órgão de classe, que obtive a duras penas, depois de cinco anos de faculdade e mais um ano às voltas com as provas do exame da ordem. Deu certo, estou habilitado ao exercício profissional da advocacia, a postular em juízo, representando os interesses dos meus clientes (que ainda são poucos, mas no futuro serão centenas). 

Finalmente enviei um texto para publicação em uma coletânea do Circulo de Escritores, e serei então publicado, tornando-me oficialmente um escritor, Meu livro de contos está no prelo e assim que obtiver os financiadores haverei de publicá-lo. Haverá lançamento festivo, comes e bebes, imprensa, autoridades e mais uma multidão de convidados, para uma sessão de autógrafos. Eis o cenário que se descortina. 

O que escrevo? Crônicas do cotidiano, e histórias fantásticas, ao estilo do realismo mágico de autores latino-americanos, temas profundos a exemplo de Tchecov, que perscrutam as profundezas da alma humana. Li a vida toda, agora é a hora de ser lido. Choverão convites para entrevistas, gerações de jovens leitores e estudantes indagarão meu processo de escrita, ávidos por descobrir como consigo escrever essas coisas tão magnificas dotados de lirismo e beleza incomum, para um prosador do sul dos trópicos. Enfim, é a gloria literária!

terça-feira, 21 de março de 2023

COMO SER UM BOM LEITOR

 Ser um bom leitor envolve mais do que simplesmente ler livros. Aqui estão algumas dicas para ajudá-lo a se tornar um bom leitor:

  1. Encontre seu gênero: Encontre um gênero de livro que você goste e se sinta confortável lendo. Isso tornará a leitura uma atividade mais agradável e aumentará a probabilidade de você ler com frequência.

  2. Leia com atenção: Quando estiver lendo, preste atenção nos detalhes e na trama da história. Isso ajudará a desenvolver a compreensão e a interpretação do texto.

  3. Faça anotações: Faça anotações enquanto lê, destacando passagens importantes e ideias interessantes. Isso ajudará a relembrar os detalhes e a ter uma compreensão mais profunda da história.

  4. Leia diferentes tipos de livros: Leia diferentes tipos de livros, desde clássicos até livros de não-ficção e poesia. Isso ajudará a expandir sua compreensão do mundo e aumentar sua capacidade de interpretação.

  5. Converse sobre o que leu: Discutir o que você leu com outras pessoas pode ajudar a desenvolver uma compreensão mais profunda do livro. Além disso, isso pode levá-lo a descobrir novos pontos de vista e ideias interessantes.

  6. Leia com frequência: Ler com frequência é fundamental para se tornar um bom leitor. Tente reservar um tempo todos os dias ou pelo menos algumas vezes por semana para ler.

Lembre-se de que a leitura é uma habilidade que pode ser desenvolvida ao longo do tempo. Com prática e paciência, você pode se tornar um excelente leitor e aproveitar ao máximo a experiência de leitura.

ESCREVER UM LIVRO

  Escrever um livro pode ser uma jornada desafiadora e emocionante. Aqui estão algumas etapas que você pode seguir para começar:

  1. Escolha um tema: Qual é o assunto do seu livro? É uma história de ficção, um livro de não-ficção sobre um tópico específico, ou algo completamente diferente?

  2. Faça uma pesquisa: Se você estiver escrevendo um livro de não-ficção, é importante fazer uma pesquisa sobre o tópico. Se você estiver escrevendo uma história de ficção, pode ser útil fazer uma pesquisa sobre o período de tempo ou localização em que a história se passa.

  3. Crie um esboço: Antes de começar a escrever, crie um esboço do livro. Isso ajudará a garantir que sua história ou argumento tenha uma estrutura clara e coerente.

  4. Comece a escrever: Agora é hora de começar a escrever! Não se preocupe muito com a qualidade do seu trabalho neste estágio - o objetivo é simplesmente colocar suas ideias no papel.

  5. Revisão e edição: Depois de concluir a primeira versão do seu livro, é importante revisá-lo e editá-lo para garantir que a história ou argumento esteja claro e coerente. É uma boa ideia pedir a outras pessoas para lerem o seu livro e fornecer feedback para ajudá-lo a melhorar o trabalho.

Lembre-se de que escrever um livro é um processo longo e desafiador, mas também pode ser uma experiência gratificante e transformadora. Boa sorte com sua jornada de escrita!

sexta-feira, 28 de maio de 2021

 Lembrei que tenho este blog, e vendo a data da ultima postagem, lá se vão alguns meses. Se eu tivesse, ou soubesse, aproveitar melhor o tempo certamente que haveria de publicar mais. Mais em meio a tantas atividades  opções que a internet nos propicia, postar é secundário, pelo menos para mim. Dentre a leitura de meia dúzia de livros por dia (no momento estou lendo: O império do direito de Dworkin, Somos todos Mortais de Simone Beauvoir, Como se faz um processo de Carnelutti, Matem o cantor e chamem o garçom de fausto Wolff, O túnel Ernesto Sábato e Israel em Abril de Érico Veríssimo), mais um apanhado de doutrinas sobre Precedentes (meu TCC), um filme por semana (antes era um por dia, assino Netflix e Amazon Prime e não consigo desfrutar, a serie Dark ainda não vi todos os episódios), e ainda tem os canais de noticias.. Aí tem trabalhos, provas, conteúdo, e as vezes até o trabalho nos subtrai o tempo. Vez em quando tem que dar uma atenção á família e um dia é só 24 horas, ah e ainda tem que pedalar para manter a saúde. Postar é secundário, embora não menos necessário.